Ana Lua Caiano explora a fusão entre a música tradicional portuguesa e a eletrónica, combinando melodias que evocam a tradição com sintetizadores, “beat-machines” e sons do quotidiano. Considerada Artista Revelação pelos seus dois primeiros EP, encontra-se atualmente em digressão com o seu álbum de estreia, “Vou ficar neste quadrado”. O seu trabalho tem sido amplamente reconhecido, tanto a nível nacional como internacional, tendo sido nomeada para os NME Awards e para os PLAY – Prémios da Música Portuguesa na categoria de Artista Revelação. Recentemente, foi destacada em publicações de renome, como a revista GQ, o jornal francês Le Monde e a edição impressa da The Wire Magazine.

«Há uma diferença fundamental entre não querer saber e querer não saber. A mesma diferença reside entre o descuido e a busca, a negação e o desejo. Que Coisa É um Alguidar?, de J. Carlos Teixeira, parece posicionar-se do lado do desejo, isto é, da dimensão erótica de procurar, e talvez não conseguir, compreender.» Amândio Reis

Era uma vez um Rei que gostava de ir à janela do seu castelo para contemplar o seu belo reino: O seu bosque, os seus campos, o seu rio de águas cristalinas e a azáfama do seu povo atarefado na faina do dia-a-dia. Porém, um dia, quando o Rei abriu a janela, entraram duas moscas. Desse dia em diante tudo mudou! Nunca mais nem o Rei, nem o reino voltaram a ser como dantes. O Rei e as Moscas é um divertido conto de fadas às avessas onde tudo pode acontecer.

“A Festa”, peça do dramaturgo italiano Spiro Scimone, explora temas profundos e complexos da vida familiar e social através de uma narrativa aparentemente simples. A história desenrola-se numa casa modesta, onde se evidencia uma desavença entre pai, mãe e filho adulto durante a celebração do aniversário de casamento. A peça apresenta uma crítica subtil, mas incisiva, às dinâmicas familiares, destacando a hipocrisia, os segredos e as frustrações muitas vezes mascarados por um verniz de felicidade e normalidade. Os diálogos, carregados de subtexto e ironia, refletem a complexidade e a fragilidade das relações humanas. Através de personagens cuidadosamente construídas e de situações quotidianas, Scimone cria uma obra simultaneamente humorística e trágica, levando o público a refletir sobre a natureza das relações interpessoais e o verdadeiro significado de conceitos como família, amor e celebração. “A Festa” é uma peça que, apesar da sua aparente simplicidade, revela camadas profundas de significado, convidando o público a olhar para além das aparências.

Conversa com o realizador Luís Ismael e o ator Vítor Fernandes, ator da Jangada Teatro. (Moderação: Nuno Vasconcelos Soares) Culatra, Rato e Tone são forçados a voltar para casa dos pais, onde tentam, mais uma vez, agarrar a oportunidade das suas vidas. No entanto, esta reunião rapidamente se transforma numa verdadeira confusão. No ano 2000, Luís Ismael e a sua trupe surpreenderam o público com uma pequena produção independente que alcançou um inesperado sucesso. Quatro anos depois, a sequela atraiu cerca de 58 mil espectadores às salas de cinema portuguesas. Em 2012, Balas e Bolinhos – O Último Capítulo encerrou a trilogia, consolidando o seu estatuto de culto. Agora, Rato, Tone, Quim Culatra e Bino (Jorge Neto, Luís Ismael, J. D. Duarte e João Pires), o mais famoso grupo de “cromos” do Norte, são obrigados a regressar às origens — ou seja, às casas dos pais —, e ainda têm muito para dizer.

“Começar morto, para despachar logo o assunto. E acabar a vida num orgasmo.” Esta frase de Woody Allen serviu de inspiração para Retro – A Viagem. Mas esta não é a história de O Curioso Caso de Benjamin Button, nem segue à risca o que a frase sugere. Esta é a história de Renata. Renata é uma mulher com um instinto peculiar: vive a vida ao contrário. Começa morta – o seu nascimento – e inicia uma viagem rumo à sua conceção – a sua morte. Pelo caminho, atravessa o tempo, recuando por momentos marcantes da história e da sua própria existência: a Primeira Grande Guerra, os loucos anos vinte, ups!, outra Grande Guerra, o boom da publicidade nos anos cinquenta, a Lua… de mel de 69, a juventude irreverente, as brincadeiras da infância, o útero, e depois… Uma viagem única, onde o fim é apenas o começo.

A Beleza do Grotesco é um espetáculo visual e interdisciplinar, inspirado em obras selecionadas de Paula Rego. Entrelaçando artes plásticas, teatro, dança, literatura e música, a peça explora a vida íntima e social, tendo a Mulher como protagonista – uma figura central na obra da artista, presente em séries emblemáticas como Mulher Cão, Avestruzes Bailarinas, Aborto, O Crime do Padre Amaro, Tríptico, Príncipe-Porco e A Dança. Nesta criação conjunta, a palavra em inglês pontua e intensifica a dramaturgia, num universo onde o espaço cénico se transforma constantemente. Com o humor irreverente de John Mowat, o imaginário visual de Paula Rego e ecos da obra O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queiroz, A Beleza do Grotesco constrói uma narrativa surpreendente e envolvente.

Uma viagem sonora pelas raízes do jazz, onde Pugsley revisita pérolas do seu repertório inicial e revela novas composições repletas de alma. Ritmos envolventes emergem das profundezas do bayou, num cocktail explosivo de boogie pantanoso, funk e jazz de Nova Orleães. Com energia crua, improvisação magistral e um groove irresistível, este espetáculo promete uma experiência única e inesquecível.

Oficina prática de experimentação de técnicas de ilustração e análise da construção de personagens a partir dos livros O Pedro e o Lobo e O Monstro do Mezio. A clássica história musical de O Pedro e o Lobo ganha nova vida através do traço e da cor, enquanto O Monstro do Mezio nos transporta para um universo mágico de criaturas misteriosas e encantadoras. Um espaço de descoberta e criatividade onde imagem e narrativa se cruzam.

Uma viagem para o outro lado do espelho… Tal como uma inocente Alice, o público atravessará o vidro e mergulhará nas profundezas do Espelho Negro: um mundo onde a luz impera sobre as sombras, habitado por criaturas elegantes, irreverentes, ternas, perversas, solitárias e provocadoras – almas envoltas num humor mordaz e corrosivo. Uma figura andrógina e extravagante, vinda das trevas e acompanhada por três marionetistas, guiar-nos-á até um universo paralelo, onde o espelho não reflete, mas distorce. Aqui, tudo é exposto sem pudor – pecados, fragilidades, medos e desejos. Música, luz, escuridão, objetos, marionetas e atores atravessam este espelho enigmático – um espelho que aprisiona, devora e consome tudo o que nele se reflete, como um imenso buraco negro. Distinguido pela crítica e pelo público, Espelho Negro arrecadou diversos prémios, incluindo o Prémio de Melhor Espetáculo na 36.ª Feira de Artes Cénicas de Palma del Río (2019). Nos Prémios Ateneo de Málaga 2019, foi reconhecido com os galardões de Melhor Direção (Ángel Calvente), Melhor Espetáculo Teatral, Melhor Obra Original e Melhor Design de Iluminação, consolidando-se como uma referência no panorama teatral.

Calor inspira-se na realidade de tantas pessoas que vivem sem um lar. Viajantes involuntários, forçados a partir, deixando tudo para trás. Nómadas dos nossos tempos, atravessam o mundo em busca de um lugar, explorando sociedades, culturas, cidades e vilas desconhecidas. Um espetáculo sobre as relações humanas e a incessante procura de um lar, Calor combina o clown com as artes do circo, criando um universo poético e onírico. Entre risos e emoções, o público é convidado a sentir, imaginar, refletir e jogar.

Telma’Bout It é um projeto musical composto por Telma Domingues (voz) e Vítor Azevedo (guitarra). Formado em 2017 como uma banda de covers, sempre teve como objetivo partilhar com o público a banda sonora das suas vidas. Em 2024, dão um novo passo no seu percurso, embarcando na criação da sua própria música. Neste concerto, pela primeira vez, apresentam alguns dos seus temas originais, revelando uma nova faceta do seu trabalho artístico.

Neste recital, João Xavier leva-nos numa viagem musical através de três compositores de épocas distintas, explorando a expressividade romântica de Chopin, a clareza clássica de Mozart e a força dramática de Prokofiev. A primeira parte do programa é dedicada a F. Chopin, com a interpretação de dois Nocturnos da op.27, onde o lirismo e a profundidade emocional se fazem sentir, seguidos por duas das suas valsas mais icónicas e, por fim, o grandioso Scherzo nº2, uma peça de contrastes arrebatadores. Após o intervalo, seguimos para a elegância de W. A. Mozart, com a Sonata em lá maior, K.331, que culmina na célebre e vibrante “Marcha Turca”. Para encerrar, João Xavier interpreta a poderosa Sonata nº8 em si bemol maior, op.84, de S. Prokofiev, uma obra intensa e arrebatadora, marcada pelo virtuosismo e pela riqueza harmónica. Um programa que promete transportar o público por um vasto leque de emoções e sonoridades. Concerto dedicado à memória de Rui Macedo, mestre afinador de piano e excelente pessoa. O seu trabalho, amizade e dedicação são um legado que reconhecemos com sincero respeito. A sua recente partida foi uma perda inestimável, mas o impacto que teve nas nossas vidas e na música permanecerá eterno.

Porquê a Poesia e a Música para lá da Música da Poesia e da Poesia da Música? Pela unicidade orgânica e clara como o silêncio que é sempre o primeiro verso do poema e o primeiro impulso derramado na partitura. Também porque: ainda não é o princípio nem o fim do mundo. Calma! É apenas um pouco tarde*. Também porque os homens são como as cebolas: têm camadas a esconder o que têm dentro. Também, porque sim. *Manuel António Pina

Uma loja de pássaros que subsiste durante a guerra. Lá fora caem bombas, mas dentro de portas, aves silenciosas continuam a despertar o interesse de quem procura o deslumbramento, mesmo quando a ordem geral pede o contrário. Terminada a guerra, nesse mesmo local – que era também refúgio – nasce uma família. Estão prestes a ver surgir um novo mundo, mas ainda dominados pelo medo. Medo do outro, do desconhecido, do que foge à regra e do que não pode ser medido em números. Mas se o medo vive também da memória, é do coração dos mais novos que ele é sacudido. O Filho parte em busca de novos horizontes. A Filha, com a ternura de uma criança, convence a família a comprar um poeta. É este novo habitante da casa que, com a sua delicadeza e visão inspiradora do mundo, abala a estrutura familiar. Vazia de grande parte dos seus habitantes, a casa transforma-se em museu. E, com ela, também o mundo começa a mudar, como um espelho onde cada um se encontra individual e coletivamente. O eu e os outros. A casa e o mundo. Museu do Esquecimento ou Vamos Mudar o Mundo é uma dramaturgia de Pompeu José e Catarina Requeijo, criada a partir dos livros de Afonso Cruz. Cinco atores e um músico dão vida a este novo mundo em palco, num espetáculo para todas as idades. Um museu do esquecimento deveria não deixar esquecer, não apagar memórias. E é Afonso Cruz quem dá o mote: “Devemos cozinhar crianças resignadas com o mundo ou devemos criar crianças criativas?”

No bicentenário de Camilo Castelo Branco, a Jangada Teatro apresenta Ana Plácido, um espetáculo que explora as emoções, dilemas e paixões de uma figura central na vida e obra do escritor. Num equilíbrio entre narrativa histórica e criação artística, o espetáculo convida o público a refletir sobre os limites entre a literatura e a vida, numa celebração da intemporalidade dos grandes temas camilianos.

Entre gigantes verdes, aves, répteis, anfíbios e mamíferos, esta oficina convida os participantes a observar cada habitat, cada árvore e cada grupo de animais da Mata de Vilar como uma oportunidade de conexão com a Natureza, através da compreensão e da partilha de momentos inesquecíveis. O objetivo é desenvolver um sentido crítico mais abrangente sobre a conservação da Natureza e a sua relação com as competências necessárias para uma cidadania ambientalmente consciente e responsável.

A partir da obra de William Shakespeare. Rei Lear decide dividir o seu reino entre as filhas, mas antes desafia-as a provar o seu amor. As duas mais velhas correspondem às suas expectativas, enquanto a mais nova se recusa a fazê-lo, enfurecendo o pai, que a bane. Ao entregar o reino às filhas mais velhas, Lear percebe tarde demais o erro cometido e vê-se despojado de poder e riqueza. Nesta versão minimalista de Rei Lear, três intérpretes dão corpo a todas as personagens, movendo-se numa ação incessante de liberdade. O meta-teatro surge como chave deste jogo, expondo a relação entre ficção e realidade e revelando os dispositivos da sua construção. Aqui, não se trata apenas de narrar uma história, mas de habitá-la, desafiá-la e transformá-la, desdobrando corpos, vozes e espaços em algo instável, efémero e intencionalmente artificial. O palco, território mutável, é onde as personagens se dissolvem e se recompõem, onde os intérpretes transitam sem aviso entre camadas de interpretação, expondo as entranhas do poder e da ganância. São eles, os atores, o coração pulsante da obra: múltiplos e singulares, erguendo e destruindo o jogo cénico, num espetáculo que é tanto sobre Rei Lear quanto sobre a própria essência de contar uma história.

Vermelho carmim, cor de sangue, de força, coração, de vida e fogo interior. Circo como elemento circular, círculo sagrado, repetição e ciclo. A infância, repleta de herança familiar, que ensina, dá asas e chão com histórias, brincadeiras, canções e danças, alimentando as narrativas e a poesia interior do crescer. Uma homenagem à Liberdade, às Mulheres de todas as gerações, ao empoderamento feminino.

Três personagens extraordinárias, presas numa teia de obsessão fatal, estão no centro do romance de Victor Hugo. O grotesco corcunda Quasimodo, sineiro de Notre-Dame, deve a sua vida ao austero arquidiácono Claude Frollo, que, por sua vez, é consumido por uma paixão desesperada pela bailarina cigana Esmeralda. Esta, por seu lado, está enfeitiçada por um belo, mas fútil, oficial, mas, através de um gesto instintivo de bondade, conquista a devoção altruísta de Quasimodo. Por trás destas figuras centrais, desenrola-se um desfile de personagens pitorescas, que vão desde membros da aristocracia até ao submundo de mendigos e pequenos criminosos – sem esquecer as gárgulas da Catedral de Notre-Dame. Nesta interpretação, a Jangada revela o humor que se esconde por baixo desta história profundamente trágica.